04 fevereiro, 2007

Paisagem Bucólica

Getúlio Lino Brito

A despeito do instinto gregário, da imperiosa socialização e do necessário relacionamento com grupos sociais diversos, de quando em vez o homem necessita de um refúgio para reflexão e sintonia consigo mesmo, para uma espécie de lavagem cerebral, mantendo um contato direto, amistoso e sadio com os fiéis representantes da nossa Mãe-Natureza. Indivíduos que constituem o tão relegado e desrespeitado mundo irracional, contudo em perfeita concomitância e equilíbrio biológico, onde a generosidade se faz presente a todo momento, onde inexiste o germe maléfico da “civilização”, onde inexistem guerras e agressões, ressalvando-se os casos das invioláveis leis naturais.
Na quietude dos campos verdejantes, à sombra de uma frondosa árvore florida numa manhã de primavera, podemos perceber a magnificência do Criador, a prodigalidade da natureza a nos oferecer elementos indispensáveis à nossa harmonia espiritual. Ante essa gratuidade da natureza aparentemente inerte, o homem encontra o sentido de sua existência, percebe a inutilidade de suas mesquinhas ambições e aprende lições de humildade. À beira de um regato de águas límpidas e cristalinas, podemos ouvir e até entender a linguagem das ondas, ao deslizarem ruidosamente sobre o seu leito. Uma brisa suave, ao roçar o nosso corpo, parece penetrar profundamente na intimidade da nossa mente, varrendo resquícios de uma provável poluição espiritual. Os matizes deste mundo vivo e multicolorido, contrastante com o presídio do “civilizado” citadino, são um convite à meditação; um convite da própria natureza a preservarmos o que ainda existe de belo na nossa sã ecologia. Ecologia imprescindível à nossa existência, contudo ameaçada pelo inescrupuloso progresso do mundo moderno, num processo de autodestruição consciente.
Quando nos encontramos num ambiente bucólico, temos a agradável sensação de uma vida mais racional; encontramo-nos com nós mesmos e podemos contemplar uma realidade desnudada de falsos conceitos, sem a interferência de fatores negativos; transpomo-nos para um plano de serenidade superior, vivificando a nossa espiritualidade, fortalecendo a nossa fé, reabilitando-nos para as terríveis provações do cotidiano. Por essas e muitas outras razões, alheias talvez à mente puramente tecnocrata, é que devemos assumir uma posição em defesa do meio-ambiente, sustentáculo da vida sobre a face da terra. Por essas e muitas outras razões, ignoradas talvez por aqueles que desconhecem a origem das crises contemporâneas, é que devemos lutar em favor do que ainda é de todos.
Que nos ajudem os senhores guardas florestais na campanha de preservação da nossa ecologia. Que Deus nos ajude na transmissão e receptividade desta mensagem. Que todos nos unamos na prática do bem, para que possamos sempre estabelecer um contato com o Onipotente através da sua obra, pura e imaculada.

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Um comentário:

Anônimo disse...

Getúlio,

Parabéns! Um trabalho interessante,
mensagens excelentes para reflexão.

Gostei muito de "Paisagem Bucólica"
e do Discurso de Severn Suzuki na
Eco 92 - Rio.
Agraços,
Manoel